Entre os próximos dias 26 e 28 de junho, no Campus Maracanã da UERJ, ocorrerá o XXIII Seminário Interno de Pesquisa do Grupo Cultura, Memória e Desenvolvimento.
Programação
Dia 26 de junho
9:00 – Cerimônia de Abertura
09:30 – Conferência: O mercado editorial de ciências sociais no Brasil da segunda metade do século XX, por Leonardo Nóbrega da Silva (IESP/UERJ)
Resumo: Esta apresentação trata da dinâmica de edição de ciências sociais no Brasil, tendo como objeto de análise a trajetória da Zahar Editores, entre os anos de 1957 e 1984. A Zahar Editores foi uma das mais importantes editoras brasileiras da segunda metade do século XX e teve uma atuação destacada na área de ciências sociais e humanas, contribuindo para a consolidação deste gênero editorial no país. Ganham destaque as estratégias elaboradas pela editora na disputa com suas concorrentes, as redes de interação estabelecidas com intelectuais que participaram dos processos de seleção e formatação das obras, as linhas editoriais lançadas ao longo dos anos e os principais debates públicos nos quais ela teve atuação fundamental. Argumenta-se que a edição de livros, e todos os saberes envolvidos nesta prática, são fundamentais para se compreender os elementos constitutivos de áreas específicas de conhecimento, como as ciências sociais e humanas, e seu engajamento em debates públicos mais amplos.
11:00 – Seção Audiovisual As cidades que se revelam e escondem nas imagens
Coordenação: Ana Paula Alves Gama Ribeiro (UERJ)
12:30 – Almoço
14:00 – Conferência: O Mercado da Autenticidade e as Guerras Culturais, por Bianca Freire-Medeiros (FFCHL/USP)
16:00 – Mesa Temática
18:00 – Plenária CMD
Dia 27 de junho
9:00 – Mesa Temática Cultura e Política: metamorfoses do simbólico no Brasil contemporâneo
Coordenação: Lidiane Soares Rodrigues (UFSCar)
Resumo: O cenário brasileiro contemporâneo impõe a constatação de que os artistas e intelectuais competem entre si pelas clientelas, simultaneamente motivados pela ampliação de sua capacidade de influência política e pela jurisprudência da legitimidade simbólica. Oriundos de espaços mais e menos legítimos, face às convenções políticas e ideológicas a que estão constrangidos, disputam a conservação do estado delas, assim como sua reviravolta. Por isso, esta Mesa Temática convida pesquisadores voltados à análise dos nexos entre “cultura e política”, interessados em explorar as metamorfoses sofridas pelo mercado de bens simbólicos na experiência brasileira contemporânea. Trata-se de considerar as diversas práticas simbólicas, seus produtores, seus públicos, seus circuitos diferenciados de recepção e difusão, assim como a concorrência em torno de princípios de consagração e de hierarquia próprios aos diversos espaços constituídos pelo entrelaçamento de modalidades convencionais e ultracontemporâneas de comunicação. Adota-se uma definição alargada de “artista” e de “intelectual”, por entender que estas mesmas categorias sejam resultantes das relações conflitivas entre os espaços que viabilizam as atividades culturais (Estado, Universidade, Indústria Cultural, novos centros e organizações, como think tanks), quanto de transformações societais mais amplas, que engendraram novas tarefas para o trabalho de dominação política. Tenciona-se reunir pesquisas dedicadas ao trabalho de dominação realizado por agentes situados em zonas elevadas da hierarquia simbólica e também localizados em zonas rebaixadas desta hierarquia, que pouca atenção tem recebido, muito embora seu de impacto político tenha se tornado acachapante: intelectuais midiáticos/ públicos (à esquerda ou à direita), jornalistas/comentaristas (econômicos, políticos, culturais), cientistas vulgarizadores, blogueiros, ativistas culturais, militantes de causas específicas; assim como de suas intervenções em modalidades individuais e/ou coletivas; sejam elas ordinárias (como trabalho remunerado junto aos governos ou à indústria cultural ) e/ou extraordinárias (manifestos, abaixo-assinados); tenham como suporte imprensa escrita, livros, rádio e/ou TV, blogs– entre tantas outras possibilidades; situem-se à direita ou à esquerda; defendam posições confessionais ou laicas. Sustenta-se que a sociologia da cultura não pode deixar de enfrentar o desafio da análise das modificações observadas no espaço simbólico e, por isso, tenta-se incentivar a exposição de análises em perspectiva relacional, nas quais os polos de produção restrita e os polos de produção ampliada sejam analisados conjugadamente.
11:00 – Conferência O Paradigma do Reconhecimento, por Fabrício Maciel (UFF)
12:30 – Almoço
14:00 – Mesa Redonda: Sociologia da Cultura e Sociologia das Relações Raciais
Participantes: Maria Alice Resende (NEAB/UERJ), Thais Marinho (CMD; PUC-GO), Núbia Regina Moreira (UESB), Raquel Barreto (PPGHistória/UFF)
Mediação: Taís Machado (CMD; PPGSOL/UnB)
16:00 – Mesa Redonda: Cultura e Memória na Arte do Carnaval
Participantes: Maria Augusta Rodrigues (EBA/UFRJ; carnavalesca), Leandro Viera (carnavalesco), Felipe Ferreira (UERJ), Maria da Penha (carnavalesca) e Vinícius Natal (PPGHistória/UERJ)
Mediação: André Porfiro (CMD; PROPEDE/UERJ)
18:00 – Lançamento de livros
Dia 28 de junho
09:00 – Conferência “Sobre aqueles que estiveram aqui”: respostas políticas à produção simbólica da angústia em três cenas discursivas, por Wedencley Alves Santana (FACOM/UFJF).
10:00 – Mesa Temática Entre dobras e brechas, as duplicações dos passados afins
Coordenador: Edson Farias (CMD; PPGSOL/UnB; CNPq)
Resumo: As contribuições de historiadores, à maneira de François Hartog e Pierre Nora, mas igualmente as reflexões desenvolvidas pelo sociólogo Michael Pollak e o crítico cultural/literário Andreas Huyssen, além de Gilberto Freyre (ao se antecipar na referência à “pós-modernidade”), quando ingressam em debates de ordem epistemológicas, mas também em relação aos métodos, envolvendo história e memória, parecem sintomatizar alterações muito significativas tanto nas percepções quanto nos fatores que condicionam a experiência dos tempos. Para usar o repertório conceitual de Hartog, talvez o atual regime de temporalidade – “presentista” – congregue entre suas manifestações brechas ou dobras pelas quais deflagram-se duplicações de passados. Se a forte tendência nas últimas décadas à museificação e patrimonialização são, portanto, traços bem característicos da (cada vez mais) continuada evocação do pretérito, as disputas por conferir status ou descreditar dos distintos modos de apresentar e fazer crer a existência de um mesmo referente de “ontem”. Justamente, a proposta desta mesa é acolher reflexões sobre as temporalidades, mas cujos objetos tenham por referência um momento no qual as “revisões” do passado constrangem as pautas de discussões que extrapolam os muros acadêmicos, indo contracenar com os posicionamentos de diferentes grupos sociais em aliança ou enfrentamento no que toca às lutas tendo por objeto o poder de nomeação para atualizar versões distintas de “presentes passados” no “presente atual”. Lutas simbólicas estas estendidas às plataformas de candidatos(as) e partidos políticos e à proposição/execução de políticas públicas. São figurações de tais enfrentamentos: empenhos no sentido de revisar narrativas acerca de povos estigmatizados – a exemplo de indígenas submetidos aos desígnios coloniais europeus e/ou descendências geracionais oriundas das diásporas negro-africanas resultantes do tráfico humano para fins de comércio de escravos – se colocam ante ao fôlego obtido por amplo coro de vozes que recusa o episódio do holocausto nazista (ou alteram as atribuições de responsabilidade pelo acontecimento), advoga a supremacia branca, desmente a escravidão moderna como parte da expansão imperial do ocidente ou, ainda, protesta contra a classificação de certos regimes de governo como “autoritário”/”ditatorial”.
Título: Cinema-menor e memória do futuro em Bang Bang (1971), de Andrea Tonacci
Autores: Amanda Souza Ávila Lobo (PPGMLS/UESB), Auterives Maciel Jr. (PPGMLS/UESB; UVA; PUC-RJ), Milene de Cássia Silveira Gusmão (PPGMSL/UESB; CMD)
Resumo: Essa proposta objetiva pensar a dimensão política do cinema de Andrea Tonacci atravessada pelo conceito de fluxo. Desta feita, por meio de uma interlocução do filme Bang Bang(1971) com a filosofia de Gilles Deleuze e Felix Guattari, bem como de Friedrich Nietzsche e Michel Foucault, nos propomos a extrair movimentos de invenção contidos nessa película, expressos em fluxos de palavras, imagens, sons, gestos, corpos e tempo que possibilitam ao Tonacci se lançar na dimensão da linha de fuga dos padrões estabelecidos pela narrativa cinematográfica clássica e instaurar, de forma insólita, uma micropolítica capaz de fissurar o senso-comum de seus modelos e propor novos encontros, de modo a construir de forma singular aquilo que aqui denominamos como cinema-menor. Isto porque, inferimos que Bang Bang traz configurações que problematizam as codificações estratificadas que definem quem somos, naturalizam a linguagem que possuímos e os hábitos que alimentamos, por meio de uma força contestadora e radical de perspectiva anti-identitária, antiteleológica e não representativa. Abraçando uma lógica plural, numa infinidade de combinações, constitui uma variedade de sentidos que, enquanto acontecimentos, apontam para diversos modos de se portar e existir com e no mundo. Assim, por meio da disjunção entre sons e imagens, introduz a noção de combate a dizibilidades e visibilidades cuja junção harmônica constituem os arquivos audiovisuais que compõem o jogo de verdade e de saberes que constituem uma determinada formação histórica; Com a saturação sonora, esgota a linguagem retirando dela o padrão de herança para construção de sentido, cujo imperativo se dá na transmissão ordenatória de receituários, ao tempo em que aloca num exercício de resistência outras formas de se dotar de sentido a vida; Na construção dos seus personagens inominados, inoperantes e metamórficos, constitui devires menores que rompem com as demarcações modelares majoritárias de forte intenção homogeneizadora; Por fim, com uma diegese anárquica, consegue mobilizar seus personagens numa relação temporal complexa e capaz de associar a diferença à repetição, investindo o desejo no campo social. Destarte, afeita a experimentações do devir e atuando de modo crítico, essas imagens problematizam os estratos de comunicação, de significância e de subjetivação, constituidores de uma memória oficial, que se faz por eleição de pretendentes e exclusão da diferença e é justificada por uma continuidade artificial, permitindo pensar numa outra perspectiva mnemônica, nomeadamente memória do futuro, que se apresenta enquanto vontade criadora e voltada ao novo; que compreende o social como um constructo que se faz por desvios, acidentes e falhas, isto é, por uma proveniência de acontecimentos entrelaçados que se estabelecem a partir de um jogo de forças, cuja emergência se produz num determinado espaço-tempo, implicando entrelaçamentos temporais coalescentes, que comportam também o esquecimento. Pretendemos findar a proposta, portanto, com as malhas que favoreçam perquirir em que medida esse exercício de criação tonacciana colabora para superação das forças gregárias do ressentimento.
Título: Vestígios, apropriações e disputas narrativas acerca de um Parque Arqueológico: primeiras impressões
Autor: Rodolfo Nazareth Junqueira Fonseca (PPGSOL/UnB)
Resumo: A maneira do historiador Baxandall, nesta comunicação o propósito é analisar documentos institucionais, acadêmicos, imagens de arquivo e imagens produzidas nas primeiras impressões do trabalho campo a busca das intenções e motivações geradoras do reconhecimento e legitimação do Parque Arqueológico do Morro da Queimada como patrimônio cultural integrado à cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Leva-se em conta para tal as dimensões históricas, político-institucionais, sociais e culturais do Parque Arqueológico, tomando seus vestígios não apenas em suas ruínas, mas no discurso e nos sentidos imputados em diferentes momentos do tempo e por diferentes agentes para representar o Parque como lugar no passado e no presente do patrimônio cultural. Por fim, ressalta-se que esta é uma análise preliminar, limitada às primeiras impressões dos acessos possibilitados até então e a um trabalho de campo em processo, parte do projeto de doutoramento em Sociologia no PPGSOL/UnB.
Título: Arte e poder, criação e conservação nas imagens niilistas de signo do caos (2005), de Rogério Sganzerla
Autores: Danilo Moraes Lobo (PPGMLS/UESB), Auterives Maciel Júnior (PPGMLS/UESB; UVA/ PUC-RJ), Milene de Cássia Silveira Gusmão (PPGMSL/UESB; CMD)
Resumo – Este trabalho pretende explorar as imagens do filme O signo do caos (2005) de Rogério Sganzerla, voltando-se especificamente para a construção de sentidos relativos às relações entre arte e poder e como esse jogo produz uma tensão entre as possibilidades de criação e produção de novos signos por um lado, e a estagnação e burocratização que lutam pela conservação de signos por outro. Partiremos das considerações de Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze e Rodrigo Guéron sobre arte e pensamento para avaliarmos a construção cinematográfica de Sganzerla sob a perspectiva de um jogo de forças em combate e que expressam ascensão ou decadência de vida. Esse embate será articulado primeiramente de forma metacinematográfica, visto que o filme de Sganzerla irá remeter a outro filme, no caso o inacabado It’s all truede Orson Welles, e seu impacto nas pretensões políticas do Estado Novo na década de 40. A tensão irá se expressar também na própria montagem do filme que se autoproclama como um antifilme, dado que rompe com as caracterizações da narrativa cinematográfica clássica, tensionando dualidades como ficção e documentário, falso e verdadeiro, contínuo e descontínuo, passado e presente, imanência e transcendência. Essas tensões se estendem ainda à construção dos personagens, sobretudo na figura do censor Dr. Amnésio e do jornalista Morel, os quais disputam o sentido do filme de Welles e permitem também uma reflexão sobre as disputas em torno da memória e do esquecimento, dado que explicita a questão de quais imagens merecem ser vistas ou descartadas. O filme explora ainda as distinções próprias à fotografia, como o jogo de luz/sombra na primeira parte em que predomina o preto e branco e com o colorido na segunda parte. A partir dos jogos com as referidas tensões nas imagens pretendemos refletir sobre o niilismo que atravessa a construção fílmica de Sganzerla, cujas imagens de Brasil consideramos permeadas por ideias de ruína, caos e desordem, mas que também são potencializas a partir de uma ótica de construção/criação, não se detendo, portanto, numa mera constatação passiva. Assim, o niilismo será pensado pela ótica nietzschiana, alocando as imagens no interior da perspectiva dos valores de afirmação ou negação da vida, interpretada enquanto vontade de potência, expressando, destarte, os modos como o niilismo se manifesta nas imagens desse cinema.
Título: A Linguagem do cinema: temporalidades e criação do audiovisual no Brasil contemporâneo
Autores: Milene de Cássia Silveira Gusmão (PPGMLS; CMD) e Euclides Santos Mendes (PPGMLS; CMD)
Resumo: Tendo em vista a coexistência de temporalidades que configuram sentidos simbólicos às imagens em sua relação entre passado e presente, memória e criação, esta pesquisa toma a série A linguagem do cinema, concebida e dirigida pelo cineasta Geraldo Sarno entre as décadas de 1990 e 2010, para compreender certos processos de criação audiovisual no Brasil contemporâneo. Composta por duas temporadas, com dez programas cada uma, a série registra, por meio de entrevistas e imagens de filmes citados pelos entrevistados, os processos de criação e a formação cinematográfica de 19 realizadores brasileiros (Paulo Caldas, Marcelo Luna, Walter Salles, Daniela Thomas, David Neves, Murilo Salles, Ana Carolina, Ruy Guerra, Jorge Furtado, Linduarte Noronha, Carlos Reichenbach, Julio Bressane, Eryk Rocha, Edgard Navarro, Eduardo Nunes, Cao Guimarães, Lúcia Murat, Rosemberg Cariry e Carlos Diegues), bem como um diretor de fotografia (Luiz Carlos Barreto), um diretor de som (Walter Goulart) e um montador (Ricardo Miranda). Ao realizar a série, Sarno fez convergir questões e reflexões sobre a diversidade em processos de criação no cinema brasileiro, que, nos anos 1990, estava mergulhado nos desafios decorrentes da crise de produção diante do fim da Embrafilme (empresa pública de cinema fundada pelo regime militar, em 1969, e extinta em 1990, no governo de Fernando Collor). Em sua primeira temporada, a série trata das estratégias de criação num contexto de crise produtiva, em que o cinema brasileiro retomava seu potente papel de interpretação do Brasil, como revela o episódio com Walter Salles e Daniela Thomas sobre a criação do filme Terra estrangeira(1995) a partir da imagem de um grande navio encalhado numa praia. Num outro episódio da série, Sarno registra, por meio da fala de Paulo Caldas, o processo de criação de Baile perfumado (1997), filme emblemático da retomada do cinema brasileiro e que espelha o encontro entre o velho e o novo através das raras imagens em movimento de Lampião, Maria Bonita e seu grupo de cangaceiros, registradas pelo fotógrafo libanês Benjamin Abrahão em 1936 e ressignificadas, seis décadas depois, por realizadores formados no ambiente cineclubista do Recife. Há, portanto, perspectivas temporais tanto nos registros audiovisuais que estão presentes na própria forma da série – composta pelas falas dos entrevistados e suas memórias sobre como criaram alguns de seus mais importantes filmes, entremeadas por imagens – quanto no trabalho arqueológico e memorialístico em torno dos processos de criação e pensamento no cinema brasileiro contemporâneo. Sendo assim, no momento em que o cinema brasileiro convive com o sucesso do reconhecimento internacional dos filmes Bacurau (2019), dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e A vida invisível de Eurídice Gusmão (2019), dirigido por Karim Aïnouz, ambos premiados no Festival de Cannes, na França, e enfrenta, ao mesmo tempo, a indefinição quanto ao futuro dos recursos públicos para a atividade audiovisual brasileira, com a crise institucional da ANCINE (Agência Nacional do Cinema), situação que leva à ponderação, por parte de analistas do setor, sobre um possível retorno ao período de crise produtiva do cinema do governo Collor, compreendemos que as tensões no âmbito do audiovisual recolocam nas pautas institucionais e políticas as lutas simbólicas que atualizam, no presente, um passado de disputas que se pensava haver superado com o significativo desenvolvimento do cinema e do audiovisual brasileiros desde a retomada dos anos 1990. Nesse sentido, a série dirigida por Geraldo Sarno torna-se referência ao apresentar um panorama do cinema na cultura brasileira contemporânea e contribuir para pensar as imagens que figuram memórias do país num passado-presente.
Título: Memória, hegemonia e guerras culturais
Autor: Edson Farias (CNPq; PPGSOL/UnB; CMD)
Resumo: Esta comunicação se ocupa do período instaurado com o final da Segunda Guerra Mundial e se encerra com o desmonte da União Soviética, desfazendo a divisão geopolítica equacionada pela “guerra fria”. A atenção devotada a este ínterim histórico, em que os Estados Unidos se impõem a grande potência mundial em termos econômicos, bélicos, tecnológicos e na produção e propagação de bens simbólicos (sobretudo, fluxos musicais e audiovisuais), focalizará a sociedade estadunidense como o laboratório social em que tomadas de posição com tônicas multiculturais obtém repercussões que extravasam as fronteiras nacionais, para lhes garantir o status de parâmetros a outros movimentos animados por lutas afirmativas de reconhecimento de identidades coletivas. Nesse sentido, um aspecto destacado é o legado do culturalismo antropológico, não somente a arquitetura conceitual dessa corrente, igualmente sua ressonância nas pautas e agendas tanto de órgãos governamentais dos Estados Unidos que direta ou indiretamente se ocupam da cultura quanto de instâncias privadas empresariais de apoio ao fomento cultural e, ainda, instituições do sistema interestatal orientadas pela mesma finalidade. Se as modulações entre globalismos e localismo/tribalismos constituem o cenário histórico-sociocultural da unidade, o objeto em questão é ao recurso à ideia mesma de “guerra cultural” no contexto estadunidense que se ergue, em especial, a partir da década de 1990. O fio da meada da discussão será a multiplicação dos reclamos e reivindicações em torno da afirmação identitárias de “minorias” e sob a mesma esteira contestação epistêmica do que passa a ser identificado/acusado do unicismo eurocêntrico (ou ocidental cêntrico).
12:00 – Almoço
14:00 – Mesa Redonda: Universal e particular numa era de guerra cultural
Participantes: Roberto Dutra (UENF) e Clara Lourido (UNEB)
Mediação: Edson Farias (CMD; PPGSOL/UnB; CNPq)
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